sábado, 12 de outubro de 2013

Carta aberta à Fran

Cara Fran, 
Olha só que legal, vi um vídeo e vários comentários sobre o seu caso hoje.
No mais gostaria de agradecer a possibilidade que me deu, incontestavelmente de falar abertamente sobre isso com meus alunos. Eis o motivo no qual estou publicando essa postagem em meu blog aberto a classe estudantil e pensante. Sou professora e monitora, e não há momento mais propicio do que este para sanar a questão privada no qual estava inserida você e seu namorado/parceiro/amigo/conjugue/amante/puta que pariu.

É Fran, acontece que não só eu, como grande parte das mulheres, pasmem 73% sente uma pequena tara sexual em ser filmada/fotografada, assim como tantas outras porcentagens sentem taras por brinquedos, vibradores, e demais fantasias sexuais. Sim, sexo é uma coisa casual. E como todos SABEM E FAZEM, não passa de uma atividade meramente humana.

Fato é que as pessoas muitas vezes ao analisarem uma situação, pensam a principio na vítima, depois nas consequências e por ultimo sobre quem praticou o ato, pois é assim que funciona a roldana do determinismo natural.

Dentro de uma relação privada entre vocês, vamos falar da mesma que se tornou publica de uns dias pra cá. Não pense que quero dar proporção ao caso, mas fazer disso uma questão que interesse não só aos meus alunos que estão na fase de transição de conhecimento, como numa comunidade em geral, inclusive aos pais que não devem ensinar seus filhos a como não fazer sexo e sim cautelar sobre as más índoles que todas nós estamos suscetíveis a passar por isso.

Acredito como professora, que o maior erro que nós cometemos é querer ir além das nossas limitações, é claro que as condições ilimitadas trazem consequências, assim como a proibição também traz, quando não acompanhadas de um critério. E o critério de todas essas “ilimitações” masculinas vem acompanhada de um machismo determinante em que o homem só fez aquilo que foi permitido, não importa se foi com consentimento ou não, nós estamos sempre erradas a partir do momento em que tiramos a roupa. Já que não temos o direito de confiar ou nos sentir a vontade, ou mesmo se queremos dar, sinta-se no direito assim como eu faço agora, de se libertar. Eu quero transar seja lá com quem for porque eu sou ilimitada, eu nasci livre, mas dentro da minha liberdade entre as paredes do bom caráter, me esqueço que o livre-arbítrio alheio muitas vezes não passa de uma carapuça fina, que a sociedade insiste em usar.

Entremos na questão que sofremos em horas. Penso que devo prestar toda a minha solidariedade fazendo esta carta aberta e honesta. Já fui chamada de puta por transar com mulheres apenas para adquirir experiência, quando decidi trabalhar fora cedo, quando usei short no ônibus, quando decidi ter um relacionamento aberto, Quando estava cansada demais para transar com algum ex namorado babaca, enfim, quando decidi me tornar uma mulher sexualmente livre sem pensar nas consequências que não eu traria, mas o machismo.

Dentro dessas condições no qual estamos expostas o tempo todo, rogo para que o seu caso vire uma questão de justiça e não de julgamentos precários e de pouca formação ideológica dessa população vítima de uma sociedade patriarcal. Não sinta raiva dessas pessoas, sinta pena, não de você que tem uma vida sexualmente ativa (diferente de quem fala pelos cotovelos), sendo machista por hora aqui hehe, afinal de contas isso infere a sua particularidade e liberdade simultaneamente, não deixe isso passar como um vão. Sei que você não é “uma mulher imoral”, é apenas como um todo, uma jovem livre, acabe com tudo isso e enfrente o que vier pela frente defendendo a sua liberdade que já nasceu com você.

Um abraço.


Att. Respeito