1. O Tempo e o Vento – Érico Veríssimo
Érico Veríssimo criou o maior épico brasileiro escrito até hoje. O Tempo e o Vento narra nada menos que duzentos anos da história do Rio Grande do Sul – e, por que não, do país. Da chegada dos primeiros habitantes ao estado até a derrocada das velhas famílias estancieiras representadas pelos Terra-Cambará, vemos passar uma galeria de personagens apaixonantes. Temos Ana Terra e Bibiana, mulheres fortes em meio a um mundo de homens hostis; temos Capitão Rodrigo, uma mistura de galã e aventureiro, cativante como só ele pode ser. Há guerras – muitas guerras – e passagens marcantes dessa história de formação de um estado marcado por homens que morreram à toa e mulheres que sofreram por eles.2. A Bagaceira – José Américo de Almeida
O primeiro dos romances de 30 foi publicado em 1928. Nele podemos encontrar boa parte do que seriam as características de uma geração: o foco numa região periférica do país; e a mostra da violência das velhas elites que viam seu entardecer logo ali. José Américo nos apresenta uma família de retirantes que vai morar em um engenho e as consequências da relação entre o filho do senhor do engenho, Lúcio, e da filha do sertanejo, Soledade. Com muito sangue e violência, vemos os rígidos códigos de sertanejo sendo aplicado a todos, doa a quem doer.3. O Quinze – Rachel de Queiroz
Um romance de paradoxos: se por um lado, é o romance menos inventivo do ponto de vista técnico (poderia se dizer que é um romance do século passado), por outro é extremamente moderno em sua temática. Ao narrar a história de Conceição, personagem central da obra, Rachel de Queiroz, no auge dos seus vinte anos, dá um final surpreendente para uma mulher em meio a uma sociedade patriarcal e machista da época. Também inovou ao mostrar as mazelas proporcionadas pela seca no nordeste – algo, pelo incrível que pareça, quase totalmente ignorado pela maioria dos romancistas anteriores. Instigante, é o primeiro e melhor romance da autora.4. São Bernardo – Graciliano Ramos
Poderíamos dizer muitas coisas sobre esse romance: que fala sobre a ascensão e queda de Paulo Honório, que fala dos ciúmes doentios de um homem, que é um romance de fina análise psicológica de tradição machadiana. Não adianta, tentar encaixar Graciliano Ramos em poucas palavras, é covardia, afinal ele joga com tantos níveis ao mesmo tempo nesta narrativa da fazenda São Bernardo que a única coisa que podemos dizer é: leiam, por favor, leiam!5. Fogo Morto – José Lins do Rego
Romance único não só na sua própria obra como também na sua geração. Não que conte algo de novo, pois a história, como em outros livros dessa lista, é sobre a derrocada de um antigo coronel. No entanto, a forma como é feita, dando o foco narrativo a três personagens diferentes, dá ao romance uma construção impar. Do Mestre José Amaro até o Capitão Vitorino, José Lins nos apresenta a derrocada inevitável de um mundo frente à modernidade, aproveitando para nos mostrar a derrocada social e psicológica do Coronel Lula de Holanda. Vale ainda uma grande ressalva ao melhor dos personagens do autor: Capitão Vitorino. De percepção limitada e sentimentos nobres, é o melhor personagem de cunho quixotesco que temos em nossa literatura.6. Terras do Sem Fim – Jorge Amado
Como muitos dos romances de Jorge Amado, este também virou novela. Há, entretanto, algo de diferente nessa história. Não é a Bahia gostosa dos seus romances mais tardios, muito menos a denúncia da vida sofrida das camadas mais baixas. Jorge Amado nos brinda com um épico sobre a tomada do Sequeiro Grande e a luta de dois clãs, o de Horácio e o dos Badarós, para tomar as melhores terras para o plantio de cacau. Temos de tudo um pouco no meio do caminho: tocaias, incêndios, traição e muito mais. Romance único na obra do autor, temos uma aventura impar sobre o auge da era do cacau e uma terra adubada de sangue.